“O ladrão vem para roubar, matar e
destruir. Eu vim para que tenham vida e vida em abundância.” (João 10:10)
O maior
entrave para a vida respirável para todas as mulheres é o vírus da violência
patriarcal e de gênero. O “joelho” do racismo sexista tem sido “ladrão” e “assassino”
da vida plena, digna e respirável para todas as mulheres. A subordinação,
silenciamento e inferiorização são algumas das violências historicamente
praticadas e legitimadas pela religião patriarcal. Por meio de imagens, símbolos,
mitos, modelos e estruturas e discursos patriarcais, a violência sexista e de
gênero é sacralizada em discursos e práticas religiosas que sustentam os
sistemas e relações de poder e violência, geradoras de morte, condenando as
mulheres a uma vida pesada de respiração difícil e ofegante.
O discurso
religioso cristão reflete uma das formas mais poderosas através do qual a
violência contra às mulheres se alimenta e se mantém. A Bíblia, como texto
religioso, tem sido usada como instrumento de legitimação, servindo de cúmplice
do pecado da violência sexista e de gênero. Apesar do movimento de Jesus em
nada se assemelhar a religião patriarcal que oprime e subjuga, a tradição
cristã, tornou-se algoz cruel contra a vida e os corpos das mulheres. Por isso,
a leitura feminista da Bíblia tem sido, para nós, mulheres do Grupo Flor de Manacá, caminho de luta e
resistência contra o vírus do patriarcado violento que em nome de Deus tem sido
“um ladrão que veio para matar, roubar e destruir”. Nós, porém, neste 8M, sopradas pela ventania da Ruah,
ocupamos as redes, com nossos corpos, e com junto com a voz feminina de Deus
que grita a favor das mulheres, em Isaías 42:14, gritamos: “Há muito tempo
estive calado. Permaneci quieto e aguentei. Mas agora darei gritos como a
mulher que em trabalho de parto, vou gemer e suspirar” por uma vida respirável
para todas as mulheres!